Em
princípio a conquista era subordinada e justificada pela evangelização. A
descoberta de povos pagãos na América era um fato novo para os cristãos que
desde a idade média não fora confrontada com a evangelização.
Os
primeiros missionários tinham um zelo autoritário, mas também tinha uma
corrente liberal representado pelos dominicanos las casas e seus discípulos que
acreditavam que a única maneira de converter os pagãos era através da doçura,
persuasão, exemplo de caridade e um longo contato. Três ordens mendicantes
ficaram responsáveis pela evangelização dos autóctones: os franciscanos, os
dominicanos e os agostinianos.
Com o pedido de Cortês a Carlos V,
desembarcaram em Ulua, em 1524, doze franciscanos. Os índios ao verem esses
homens tão diferentes dos outros brancos, os receberam bem. Os missionários
encontraram os índios traumatizados pela conquista e com suas crenças quase
abolidas. Os missionários cuidaram em destruir todos vestígios pagãos,
redigindo catecismo e doutrinas nas línguas indígenas. Bons pedagogos, apelaram
para tradições musicais e pictóricas dos indígenas, adaptando melodia s dos
autóctones com palavras de cânticos espanhóis e vice-versa. Se utilizavam
também de retratos e desenhos. Separavam os índios dos espanhóis, pois esses
eram mal exemplos, para isso agrupavam suas ovelhas em aldeias novas. Os
missionários se opunham as invasões das terras dos índios.
No reinado de Filipe II, os
mendicantes perdem seu monopólio de evangelização na nova Espanha para os
seculares e jesuítas, que chegaram em 1572. O alvo principal dos missionários
foram os sacrifícios sangrentos e os cultos funerários dos silvícolas. A partir
do 1º concílio de Lima os missionários receberam instruções de ameaçar os
feiticeiros, impedir os suicídios e converter que os deuses dos índios eram
demônios, entre outras. Em 1555, um concílio provincial proíbe os índios de
exercer os sacerdócios. Quinze anos após a conquista a resistência continuava,
muitos rituais e cerimônias eram realizados em segredos, em épocas de epidemias
o paganismo ressurgia espetacularmente. Não houve um fracasso total na
transmissão da fé, mas a igreja errou ao considerar os neófitos em eterna
tutela.
No capítulo 5, da página 89 a 101,
da obra em questão, a conquista da América espanhola, a autora Marianne
Mahn-Lot, trata da conquista espiritual, da evangelização dos índios
conquistados pelos espanhóis. Através de uma leitura agradável e atrativa, uma
linguagem simples, o uso de diversos documentos e citação de autores diversos,
a autora fala dos métodos utilizados pelos missionários espanhóis para
catequizar a nova Espanha, da resistência indígenas a evangelização e do
sincretismo religioso.
Por esse assunto não ser o único ou
principal objetivo da autora, já que ela trata de vários aspectos diferentes
relativos a conquista da América, e por cuidar do assunto em poucas linhas de
um só capítulo de sua obra, não há um aprofundamento do assunto e uma maior
valorização que o assunto requer.
Analisando a obra da autora podemos
perceber semelhanças da catequização espanhola com a catequização portuguesa. A
seguir discorrerei a cerca de algumas delas dispostas pela autora. Os
evangelizadores da América espanhola ( os franciscanos, os dominicanos, os
agostinanos e os jesuítas ), foram os mesmos da América portuguesa. Os seus
métodos pedagógicos para evangelizar também são os mesmos: destruir os cultos s
rituais pagãos, edemonizar as divindades dos silvícolas e apresentar o Deus
“verdadeiro” dos europeus. Para isso, redigiam catecismo e doutrinas nas línguas
indígenas, adaptavam as melodias indígenas palavras de cânticos espanhóis e
vice-versa, também se utilizavam de quadros e desenhos para o aprendizado.
Tanto os evangelizadores espanhóis como os portugueses optaram por separar os
autóctones dos conquistadores, que eram mal exemplo para os índios, para isso
fundaram novas aldeias onde reunia os indígenas. Os catequizadores das duas
Américas defendiam os interesses dos selvagens, se opondo aos interesses dos
conquistadores. Em nenhuma das Américas os índios jamais exerceram o sacerdócio
cristão, e sempre estiveram sob a tutela dos padres.
Nas duas Américas houve resistência
a essa conquista espiritual. Muitos anos após a conquista a cerimonias, os
dogmas, o misticismo dos nativos resistiam e se confundiam com o cristianismo,
dando origem a um sincretismo religioso. Um exemplo desse sincretismo, foi a
aparição da virgem em 1531, exatamente no lugar de uma peregrinação a deusa
tonantzin “nossa mãe”. Essa aparição deu
origem a adoração a Nossa Senhora de Guadalupe. Outro exemplo desse sincretismo
foi a coincidência da data de corpus christi com a festa anual do sol, era uma
oportunidades para práticas completamente ambíguas.
A principal contribuição da autora é
demonstrar que apesar da tentativa da religiosidade indígena, houve uma
resistência espiritual por parte dos silvícolas que deu origem a um sincretismo
religioso. Através desse sincretismo a fé dos índios trouxe um tom original ao
tesouro da cristandade.
BIBLIOGRAFIA:
MAHN-LOT,
Marianne. A conquista da América Espanhola; tradução Marina Appenzeller.
Campinas, SP. Papirus, 1990.
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