Introdução
A
África tem sim uma história. A história da África é uma tomada de consciência e
deve ser reescrita, pois até agora foi mascarada, desfigurada, mutilada pela
ignorância e pelo interesse. Não se trata de construir uma história revanche,
mas de ressuscitar as imagens perdidas ou esquecidas, de reconstruir o
verdadeiro cenário. Trata-se de uma iniciativa científica. A história da África
por ser pouco conhecida atiça a curiosidade humana. Milhares de pesquisadores
vêm procurando resgatar a verdadeira matriz histórica da África, e para isso é
preciso que essa verdade seja fundada e examinada sobre provas, para que um
mito não seja substituído por outro. É necessário evitar a singularização
excessiva e não alinhá-la demasiadamente as normas estrangeiras. Os métodos e
as técnicas não podem ser iguais em toda parte da África.
O manuseio das fontes é difícil, são elas: os documentos escritos, a
arqueologia, e a tradição oral, apoiadas pela antropologia e a linguística. As
fontes são raras e estão mal distribuídas no tempo e no espaço. A arqueologia
já deu uma preciosa contribuição, com suas descobertas, principalmente quando
não existe crônica oral ou material escrito. A tradição oral é um verdadeiro
museu vivo do povo dito sem escrita, é a fonte histórica mais íntima, e melhor
nutrida pela seiva da autenticidade. Porém é frágil para reconstruir os
corredores obscuros do labirinto do tempo. É preciso peneirar criteriosamente o
material da tradição oral e separa o verdadeiro do falso. A tradição oral é uma
fonte integral, cuja metodologia já se encontra bem estabelecida e que confere
a história da África uma notável originalidade. A história africana tem na
linguística não apenas uma ciência auxiliar, mas uma disciplina autônoma que a
conduz diretamente para o âmago do seu próprio objeto. Há muito a ser feito
nesse campo, começando com a catalogação científica das línguas. A análise da
linguística é importante para o historiador que deseja entender a dinâmica e o
sentido da evolução. A linguística deve desvencilha-se do desprezo etnocêntrico
que marcou elaborada por Schlegel e
Auguste, segundo a qual a família européia encontra-se no topo da evolução, e a
língua do negro no topo mais baixo.
O
discurso etnológico tem sido discriminatório e político. Seu principal
pressuposto era a evolução linear: a frente vai a europa, pioneira de toda
civilização, e atrás os povos “primitivos”. O método etnológico baseado na
entrevista individual desemboca em conclusões objetivas muito frágeis. A
antropologia deve criticar seu próprio procedimento, insistir tanto nas normas
quanto nas práticas, não confundir as relações sociais, decifráveis pela
experiência, e as estruturas que a sustentam.
Quatro grandes princípios devem ser observados para se levar a frente a
historiografia da África. A interdisciplinaridade, cuja importância é tal que
constitui por si só uma fonte específica. Para os africanos o tempo é baseado
no princípio da casualidade, em que o contágio do mito impregna e deforma o
processo lógico. O tempo não é estático e é concebido como social. A contagem
da estação do ano é, às vezes, baseada na observação astronômica. A história da
África deve ser vista do interior , a partir do polo africano, e não medida por
padrões e valores estrangeiros. Os excessos racistas da antropologia física
devem ser rejeitados.
Capítulo 1
A evolução da historiografia da África
Os
primeiros trabalhos sobre a história da África são tão antigos quanto o início
da história da escrita. Os historiadores do mundo antigo tomaram como quadro de
referência a parte conhecida da África. Heródoto, Plínio, Manetão e outros
historiadores referem informações raras e esporádicas. A autenticidade de
alguns desses relatos é discutível. Entre os primeiros historiadores da África
Ibn khaldun é muito importante; ele concebeu uma filosofia da história e não
atribuiu o mesmo valor a todo fragmento de informação encontrado.
No século XV os europeus entraram em contato com a costa da África, esse
fato desencadeou obras que são de grande importância para os historiadores
modernos. A partir do século XVIII, parece que a África tropical recebeu dos
historiadores europeus a atenção que merecia, de maneira que as histórias
universais da época consagrava um número apreciável de páginas à África, um
exemplo disso foi o The universal History, publicado na Inglaterra em 1736 e
1765. A principal tendência da cultura européia era de considerar as culturas
não européias como sem história, principalmente a África. Hegel dizia que a
África não era um continente histórico e que por isso não merecia ser estudado.
A opinião de hegel foi aceita pela ortodoxia histórica do século XIX. As
considerações de hegel foram reforçadas por Darwin, o resultado foi o
surgimento da antropologia que era um método não histórico de avaliar as
culturas dos povos “primitivos. Richard burton foi um dos fundadores da London
Antropological societ, sua carreira marca o fim da exploração científica e
cultural da África iniciada por James Bruce.
Com o passar do tempo a história colonial se fez aceitar. Os
antropólogos demonstram o valor das pesquisas de campo, que ajudará na história
da África. Seligman Frobenius foram os mais importantes. Johnton e Delafosse
trouxeram grandes contribuição na linguística africana. Cresce os interesse dos
europeus pela história da África. Alguns africanos deixaram por escrito a
história de seu povo , dois, autores importante foram Reindof e Samuel Johnson.
Surge em Uganda uma importante escola de historiadores locais. A sociedade
africana de cultura empenha-se por uma história da África descolonizadora. Em
1948 a Grãn –Bretanha, França e Bélgica desenvolvem universidades em
territórios africanos de seu domínio. A multiplicação de universidades foi
muito significativo para a história africana. As universidades criam
departamentos de histórias, e profissionais são formados. A partir de 1948, a
historiografia da África vai se assemelhando à de qualquer outra parte do
mundo. O estudo da história da África constitui hoje uma atividade bem
estabelecida, a cargo de profissionais de alto nível. Em 1966, a UNESCO lançou
a idéia de elaboração de uma história geral da África, esse projeto foi
executado em 1969.
Capítulo 2
O lugar da
história na sociedade africana
O
tempo africano é às vezes um tempo mítico social, mas também os africanos têm
consciência de serem os agentes de sua própria história. O mito domina o
pensamento africano na sua concepção do desenrolar da vida dos povos. O mito
governava e justificava a história. O mito apresenta intemporalidade e dimensão
essencialmente social. O tempo africano engloba e integra eternidade, as
gerações passadas não estão perdidas para o presente, através do culto o passado
está ligado ao presente. O tempo era um atributo da soberania dos líderes. A
morte do rei era uma ruptura do tempo e paralisava toda expressão de vida,
apenas um advento de novo rei recria o tempo social.
Durante algum século o homem africano por imposições exteriores e
alienantes não desenvolveram uma consciência responsável de ser agentes de sua
própria história. No entanto o sentimento da alto regulação da comunidade, da
autonomia, era vivo e poderoso. Os chefes e as mulheres ocupam na consciência
histórica africana uma posição sem duvida mais importante que em qualquer outro
lugar. O caráter social da concepção africana da história lhe dá uma dimensão
histórica incontestável. O tempo africano apesar de muito ligado ao passado é
um tempo dinâmico. A concepção africana do tempo é modificada pela entrada
desse continente no universo do lucro e da acumulação monetária, descobrem que
o dinheiro faz a história.
Capítulo 3
Tendências
recentes das pesquisas históricas africana e contribuição à história em geral.
A história da África revelou-se nos últimos decênios um elemento
essencial do desenvolvimento africano. O simples advento da história africana
já constitui em si uma preciosa contribuição. Rejeitando as tendências eurocêntricas
os historiadores da África na própria África e fora dela assumiu particular
importância, provavelmente pelo fato de a história da África ter sido
negligenciada e porque os mitos racistas a desfigura. Os historiadores africano
praticam uma história descolonizadas, livrando-se do racismo pseudo científico.
A independência em relação aos arquivos cuja documentação é rara é necessário,
pois os arquivos da história colonial africana foram criados e alimentados por
estrangeiros.
É possível que em relação as técnicas recentes os historiadores
africanos estejam atrasados, porém, quanto a utilização das tradições orais da
época pré-colonial eles fazem um trabalho pioneiro. Graças aos seus trabalhos
da época pré-colonial os historiadores africanos já influenciaram outras
ciências socais, tal influência se faz sentir em diversos planos. Os estudos
das religiões africanas modificou-se sob as recente pesquisas históricas. Mais
o momento crucial é aquele em que progride em outros continentes o estudo da
história africana, principalmente na europa e Estados Unidos.